sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Renascer

Dia desses, vi na TV sobre aquele casal de bispos, que rolou mais uma denúncia contra eles. O dinheiro que eles diziam ser empregado para manter algumas instituições de caridade estava, na verdade, em seus sujos, descarados e largos bolsos (ou em alguma conta no exterior, já que eles estão justa e devidamente presos nos EUA - pois aqui a justiça tarda e falha).
Essa notícia acarretou três conversas minhas com pessoas diferentes e decidi expôr aqui algumas de minhas opiniões que falei nessas conversas.

Antes de tudo vou deixar claro: para mim, cada um pode ter a religião que quiser e fazer o que bem entender. Quem sou eu para dizer o que é certo ou errado na vida das pessoas?! Aliás, acho sim, que a religião pode mudar para melhor a vida de muita gente. Pode salvar a vida de alguém e isso, com o perdão do trocadilho, é louvável!
A título de curiosidade, eu, particularmente, acredito em muita coisa do espiritismo (apesar de conhecer pouco a respeito), já disse ser agnóstico, mas agora a palavra "ateu" é a que mais se encaixa a mim.

Vamos lá. O que causou revolta em mim quando vi a matéria? Os bispos canalhões que enchem (ou enchiam) o cu com o dinheiro do povo, subterfugiando promessas de vagas no céu e melhorias em casas que cuidam de velhinhos, doidos e pessoas com down?

Não.
O que revolta é o povo.

Fazendo uma analogia barata com o filme sensação do momento, o povo é o mauricinho maconheiro que financia a violência.
Vejamos: o povo se revolta contra o crime. Contra marginais, em geral. Se revolta ainda mais com a politicagem, embora muita gente ainda queira colocar velhos ladrões de colarinho branco no poder (mas isso é outro assunto). O povo, realmente, se revolta e com razão. Aí, o povo vai na igreja e deixa a sua generosa contribuição em dinheiro (ou até no cartão, sim, tava na matéria!), conquistado com muito suór e trabalho pesado, na "caixinha da igreja". Perfeito.
Por quê não dar o dinheiro de mão beijada também para os políticos ou para os trombadinhas no farol? Sem reclamar, sem protestar, sem se revoltar. Por quê ser tão contraditório?!

É claro que ninguém faz isso porque é trouxa! Fazem por ingenuidade. Por ignorância, talvez. Chegamos, assim, a outro ponto revoltante. São essas pessoas, ingênuas, ignorantes, sem recursos e sem saídas que as igrejas aprisionam.

João não tem emprego. João não tem dinheiro. Mas João tem uma mulher e filhos. E os filhos de João se afundaram nas drogas. E João precisa alimentá-los e, por isso, fica o dia todo fora de sua minúscula casa, procurando um emprego decente. A mulher de João sente sua falta, mas resolveu trocar João por Toninho. João está desesperado. João entrou na igreja para ver qual é. João assistiu a uma missa alienadora e concluiu que seus problemas tem nome: encosto. E agora João tem a quem culpar e tem quem resolva seus problemas: Deus (Jesus, Budah, Santo Expedito, Chuck Norris, Alá, Seilá). Parabéns, João!
João não está errado. Não para ele, e é isso que importa, certo? A única saída dele é a igreja. Entregar a Deus é a luz no fundo do túnel. É a única forma de esperança que ele encontra para não sair por aí fazendo merda.


Religião é uma fuga.


E o que revolta é justamente essa covardia.
Covardia de pegar e alienar as pessoas mais desesperadas que, sem saída, se doam de corpo e alma às suas lucrativas instituições.


Alienação e covardia.
São essas coisas que me irritam quando tratamos de religião.


É fácil e cômodo jogar tudo nas costas de Deus. Seja problema, seja dúvida, seja benção e graça alcançada. É fácil não questionar.

Vamos imaginar, então, que no mundo ninguém acredita em Deus. Ou melhor. Não existe, nem nunca existiu, a idéia de Deus.
Cada ser-humano possui livre arbítrio e vive em uma sociedade, com regras para o bom entendimento, como as que hoje existem. Porém, tudo isso independente de uma força superior. Cada um buscando sua própria felicidade e bem-estar, não nos céus, mas em um lugar muito mais próximo: dentro de si mesmos.
Todo e qualquer ser-humano possui energia para ser o que quiser.
Ser feliz é uma escolha.
E força para isso não falta.

O amor, a felicidade, a solidariedade, o respeito, enfim... tudo isso independe de religião.

Haveria muito mais respeito entre as pessoas. Não existiria dominação sobre outros seres-humanos. Isso é histórico e deve-se, em muito, às religiões e suas crenças. Seria um mundo mais feliz e mais forte! A tecnologia, por exemplo, avançaria absurdos. Não teria gente se explodindo no Iraque, agora! Aliás, não teria MUITA gente morrendo. Estariam todos mais preocupados em satisfazer seu bem-estar, respeitando o bem-estar do outro.

Apenas isso.
Mudaria bastante coisa.


Sei lá, é só minha opinião.
Boa noite e fiquem com Deus. =)