quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O gato

3 da manhã.
Ou 4. Não sei, perdi a noção pelo meu longo tempo acordado.
Me reviro na cama, mas sempre que o sono começa a me tomar, o maldito gato na rua solta mais um de seus miados altos e estridentes.
Gato no cio é foda. O barulho que eles fazem parece mais com gritos de uma criança irritante que precisa urgentemente de fonoaudiologia. E eles não cansam de miar, o mais alto possível, até descolarem uma transa felina.

E eu sem conseguir dormir. Nessas condições minha mente viaja. Vai no passado, no futuro e em lugares inexistentes, quase que como um sonho, porém ainda acordado. Ou só parcialmente. É quando vem aquele bem-estar dos segundos pré sono profundo. E quando as pálpebras se tocam, o miado corta o silêncio que vai embora com a sensação gostosa.
Maldito gato!

E a cena se repete.
E se repete.
E se repete.
Maldito gato...

Deve ser umas 5 da manhã. Olho pela janela, irritado, e tento achar o filho da puta. Mas do alto de 17 andares não vejo nada. Me deito novamente.
Só consigo ouvir o miado. E mais um. E outro.

De repente escuto um tiro. Acharam o filho da puta.

E depois disso, o silêncio reina absoluto na madrugada do bairro.
Sem dúvidas, o silêncio mais barulhento que meus ouvidos não ouviram. Sem dúvidas, eu preferia os miados do gato.
Não consigo mais dormir.

Maldito silêncio.