Ele resolveu esperar. Talvez não tenha resolvido nada e talvez não tivesse o que fazer. Poderia, sem saber ao certo, já ter pulado.
Mas o fato é que era teimoso e não desceria.
Não desistiria sem antes ver onde aquilo ia dar.
E não precisou de muito tempo para que ele tivesse certeza do que queria e de que em hipótese alguma sairia pela tangente.
Ele queria voar e o faria cedo ou tarde. A qualquer custo.
Não minto que ali, por trás de suas convicções e de seu otimismo, não havia dúvidas. Nem que não havia medo de não conseguir e de ser tudo em vão. Havia. Mas naquela noite, depois daquela conversa e daquele momento, ele passou a ter certeza.
Uma certeza que seus pés não encontravam o chão e que, depois de muito tempo, ele havia se deixado voar.
E a alegria tomou conta dele quando percebeu que, talvez pela primeira vez, não voava sozinho.
Eram dois voando alto e se divertindo sem saberem ao certo - e sem se preocuparem - se chegariam no chão ou na Lua. O que importava é que estavam juntos, desbravando o céu. O tempo se abriu dando espaço a uma sensação nova, que só eles podiam sentir.
Ele se orgulhava.
Ela surpreendia-se consigo mesma.
Flutuavam.
E onde isso tudo vai parar? Eles não querem saber. Só querem continuar voando por aí...