terça-feira, 4 de setembro de 2012

Seus olhos


Esses que me olham com ternura,
candura que perdura
até nas horas mais impuras,
é neles que me esqueço,
me entorpeço e me aqueço
e no desejo do seu beijo,
enlouqueço no desfecho
que em sonho me permito,
como um grito,
como em tantas outras dores,
nestes olhos sonhadores,
que tão firmes quanto torres
em que do alto me atiro,
como disse em outras vezes,
mas já foram tantos meses,
que sem medo e sem segredo,
como um tiro no meu peito,
vou criando minha cura,
que loucura,
de onde veio,
de onde veio, criatura,
que a essa altura
já entrou na minha vida,
sem saída,
sem receio,
sem medida,
meu anseio:
esse brilho do seu olho,
o seu riso,
seu sorriso,
seu cheiro na minha blusa,
me abusa,
me amassa,
faz de mim a sua caça,
me põe dentro do seu peito,
do seu leito em que me deito
e me declaro sem respiro,
sem suspiro e sem pudor,
já falei tanto de amor,
tão depressa,
tanta pressa,
outra coisa não interessa,
só seus olhos me olhando,
imaginando o amanhã,
só seus olhos quase verdes
pela luz dessa manhã,
só seus olhos,
lindos olhos,
lindos olhos de avelã.