domingo, 6 de dezembro de 2009

Enquanto

Eu sei, há tempos não falo nada. Principalmente de mim.
Acho que aprendi a conviver com um misterioso enquanto, que não revela tempo, maneiras ou certezas. Acho.
Minhas convicções nunca se mostraram totalmente verdadeiras ou falsas. Agora, então, não mais as tenho.

Mas sigo
Esperando o dia que me sentirei, enfim, completo novamente, flutuando os pensamentos como nunca deixei de acreditar.
Buscando caminhos, trilhas e pistas que me levem a algum outro lugar, bem alto, de onde eu possa contemplar o horizonte e, ao olhar pra trás, me perceber perdido, tendo como única saída soltar meu corpo ao abismo.
Tentando evitar a mania de esquecer que me prendo a uma idéia, não a uma pessoa, mesmo que essa pessoa seja a única que me faz esquecer qualquer outra idéia.

Só sigo
Descobrindo-me, cada vez mais, como alguém que, como tantos outros, prefere sofrer por amor a ser condenado a uma vida sem.
Aí me aqueço em novos abraços, me encanto por mais olhares, conheço outras bocas e outros beijos.
Alimentando com migalhas a esperança, pois ela alimenta-me a alma, enquanto não descubro sua par.

Sigo assim, sempre em vão, mas sigo.
Até ter de volta o que perdi. Ou encontrar em outro alguém, enfim, o pedaço que me falta para me perder por inteiro, sem chão pra pisar ou cair.

E se posso garantir apenas uma certeza, apresento-lhes:

eu não desisto jamais.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

(in)Verno

Foi tudo tão rápido.
Conheceram-se, conversaram algumas vezes, perceberam suas afinidades, riram e em poucos dias sentiram a necessidade de estarem juntos.

E lá estavam. Embaixo de um céu completamente aberto, à beira de um lago, numa linda tarde. Fazia frio, mas o sol o impedia de incomodar. Fazia muito sol, mas o frio o impedia de incomodar. Ou seja, o clima estava perfeito e a grama verde nunca foi tão convidativa.
Deitados e abraçados, alimentavam patos e gansos, que, curiosos, flutuavam até a beira do lago para saber quem eram aqueles dois desconhecidos.

Conversavam e riam. Descobriam-se cada vez mais. Todos os assuntos que sempre os intrigavam surgiam para se explicar ou para realmente fugir a uma lógica. Ele não entendia a simplicidade das cachoeiras e ela não entendia a complexidade dos buracos-negros, mas os dois fenômenos os encantavam. E cada vez mais eles se viam mais encantados um pelo outro.

O sol começou a ir embora. Mas não sem antes presenteá-los, pintando todo o céu de laranja. A paisagem se fez linda. O grande lago refletia o pôr-do-sol e as árvores. Muitas cores.
E se já estavam juntos antes do sol partir e deixar o frio dominar, agora eles estavam praticamente grudados. E, claro, não era apenas para se aquecerem. Aquele cenário perfeito exigia que se beijassem. Assim o fizeram.

Agora olhavam o céu, mais escuro e viam estrelas. Só duas estrelas, pra ser mais exato. Ou três. A cada minuto, uma estrela nova e um beijo novo. Mais estrelas. Mais escuro. Mais beijos. Mais frio. Mais abraços. Céu estrelado. Muito frio.
Era hora de ir embora.

Caminhavam de mãos dadas. "Que estranho", pensou. "Mas que bom!", continuou analisando.
Foram jantar. Sanduíche de presunto e Coca-Cola. Simples demais, mas os dois adoravam essas simplicidades.
Estavam de volta ao apartamento dela. Um colchão na sala, travesseiros, cobertor pesado e um filme na TV foram suficientes para voltarem à magia do pôr-do-sol no lago.
Mãos dadas, mais risadas, mais beijos, mais abraços, calor. Mais tudo de novo. Mais calor. Jogo na TV.

Era o time dele na final. Era ela torcendo contra. Era o time dele fazendo gols. Era ela se irritando. Era ele tirando sarro. Era ela o golpeando fortemente com uma almofadada na cara. Eram os dois rindo feito bobos.

E era hora, agora, dele voltar pra casa. Enquanto ele esperava o elevador, subitamente olhou pra ela e a viu sorrindo, com um brilho no olhar, observando-o. Ganhou o dia, o mês e o ano naquele olhar.

Enquanto seguia seu caminho de volta pra casa, a fumaça saía de sua boca e ele sorria. "É muito querer mais dias assim?", perguntava-se.

Aquele dia de outono foi tão incrível que, no começo da primavera, ele lembrava e encontrava a resposta: "Sim, seria querer muito!"
O amor dos dois pouco resistiu ao inverno. Tão rápido quanto veio, na aproximação, foi-se, no afastamento.

Perguntou-se "como?" e achou ter entendido. Talvez um fosse simples como uma cachoeira e o outro fosse complexo como um buraco-negro.
Mas era só uma suposição.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Acaso do acaso

Ele acordou no horário. Às 7 da manhã, seu despertador tocou e ele iniciou sua rotina matinal.
Jogou uma água no rosto, escovou os dentes, enfim, fez todas essas coisas que todos fazem pela manhã. Desceu, tomou um belo café-da-manhã com bolo, suco de abacaxi, uma maçã...
Pensou o quão sozinho se encontrava. Aquilo realmente o incomodava todas as manhãs.
Subiu, tomou um banho e se arrumou. Finalmente estava pronto para o trabalho.
Seu chefe era um chato, irritado como se a cada dia visse sua mulher acordar com um amigo diferente. Por isso, para não se atrasar sequer um minuto e adentrar o escritório as nove em ponto, ele tinha calculado o tempo exato que demorava para se arrumar e comer, além do percurso de metrô da Estação Parada Inglesa, onde era sua casa, até a Estação Vergueiro, obviamente onde era seu trabalho.

Era rotina. Logo, como previsto, às 8h20 ele entrou no último vagão do metrô. Isso também era rotina. O último vagão era o mais próximo da saída da Vergueiro, lá ele corria menos riscos de se atrasar, além de ter a oportunidade de viajar sentado. Sentou, então, no assento em frente ao assento cinza dos idosos, pois, sem os idosos, ele podia esticar as pernas. E passou a pensar, novamente, no quão sozinho se encontrava, apesar do vagão enchendo. Rotina.

Agora eram 8h35. O metrô parava na Estação Tiradentes e aquela que seria a mulher da sua vida se aproximava.

* * *

Ela acordou atrasada. Às 7h30, deu um pulo da cama, pois seu relógio biológico denunciava que algo estava errado. Ficou com raiva de seu pai, era ele o responsável por acordá-la todo dia às 6h50, mas desta vez ele tinha esquecido.
Mal jogou uma água no rosto, mal escovou os dentes, mal fez todas essas coisas que todos fazem pela manhã. Foi para a cozinha tomar um rápido café-com-leite.
Pensou o quão sozinha se encontrava. Aquilo realmente a incomodava todas as manhãs, mesmo aquelas mais corridas.
Aproveitou o momento de reflexão e lembrou que sua primeira aula era Antropologia. A aula que ela mais detestava e que o professor nunca fazia chamada. Relaxou. Resolveu agora comer alguma coisa. Abriu a geladeira para pensar: pão com manteiga, pão com geléia ou pão com requeijão? Optou por requeijão. Levou até a mesa e frustrou-se ao perceber que só não tinha o pão. Ela nem sentia tanta fome pela manhã mesmo...
Tomou um banho tranqüilo e se arrumou. Finalmente estava pronta para a Faculdade. Saiu de casa, foi até a padaria da esquina e voltou pra casa com 2 pãezinhos que tinham acabado de sair do forno. É que ela lembrou da sua avó falando que saco vazio não pára em pé...

Normalmente ela entraria no metrô Tiradentes, ao lado de sua casa, às 7h45, para fazer baldeação na Sé e chegar às 8h10 na Bresser, onde era sua Faculdade. Normalmente ela entrava no primeiro vagão que via. Normalmente ela tinha pressa. No entanto, dessa vez, ela fazia isso um pouco mais tarde e nem ligava pro fato de ter perdido um metrô enquanto estava na escada rolante. Já que tinha que esperar pelo próximo trem, andou pela passarela até o último vagão, pensando, novamente, no quão sozinha se encontrava.

Agora eram 8h35. A porta do metrô abriu-se à sua frente e ela se aproximava daquele que seria o homem da sua vida.

* * *

E se o pai dela a acordasse no horário combinado?
E se ela gostasse de Antropologia?
E se o professor fizesse chamada todo dia?
E se ela realmente não sentisse fome nenhuma de manhã?
E se tivesse pão?
E se, na padaria, o pão ainda estivesse no forno?
E se sua avó não tivesse repetido tantas vezes que saco vazio não para em pé?
E se ela descesse a escada rolante correndo e pegasse o primeiro trem?
E se o chefe dele não fosse tão intransigente quanto aos atrasos de seus funcionários?

* * *

Só havia um único assento vazio em todo o vagão. Era cinza. Não havia nenhum idoso. Faltou pouco, muito pouco para ela sentar lá. Ele até recolheu suas pernas ao notar alguém se aproximando. Mas a cidadania dela falou mais alto e ela desistiu. Deu um sorrisinho de agradecimento ao moço que recolheu as pernas e tomou a direção contrária. Ficou em pé, perto da porta, pois logo desceria.
Ele tentou retribuir o sorriso, mas ela já estava de costas. Desistiu e voltou a esticar as pernas. Ela desceu. Ele cochilou.

* * *

* * *

* * *

* * *

* * *

Ainda bem que, por um acaso, o chefe dele descobriu que sua mulher dormia com seu amigo e teve um treco.
Ainda bem que, por um acaso, sobrou para ele levar o patrão para o Hospital que tinha convênio.
Ainda bem que, por um acaso, esse hospital era no Bresser, ao lado de uma Faculdade.
Ainda bem que, por um acaso, era horário de saída dos alunos.
Ainda bem que, por um acaso, tinha uma lanchonete do outro lado da rua.

Ainda bem que, por um acaso, eles pegaram a mesma fila e se reconheceram.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Castelo em chamas

Não se sabe exatamente onde era aquele reino. Sabe-se que existiu.
Sabe-se também que o Rei era um louco, incrivelmente apaixonado por aquilo que possuia e fissurado em possuir todas as outras coisas do mundo que lhe agradavam aos olhos.
A Rainha, louca de verdade (pois o Rei era apenas no sentido figurado) e cheia de defeitos era, ainda assim, o que a majestade considerava de mais valioso em todo o castelo. Nada mais sabe-se sobre ela e, de resto, sabe-se muito pouco, restando apenas contar o que ninguém sabe ser legitimamente correto. Como o próprio castelo, o qual, vale ser dito, possuia portões de ouro da Malásia, piso de mármore austríaco, peças de diamante por todos os lados, banheiras de rubí da Índia, pias de esmeralda das profundezas do mais longínquo deserto e etc, etc, etc.
Empregados não faltavam. Eram eles que faziam tudo para o Rei, desde tarefas como abaná-lo nos dias quentes, como ir até o comércio da plebe para comprar cobertores de pêlo de urso do Alaska para os dias frios. E o que mais viesse de melhor do estrangeiro.

Certo dia, enquanto a Rainha desfrutava do luxo do castelo e banhava-se com as mais cristalinas águas da montanha que enchia sua banheira, o Rei entediou-se com tanta riqueza material e resolveu dar valor para coisas mais simples. Inventou, então, de ir ele mesmo, a pé, até a plebe, sem carruagens nem nada. Como não queria ser reconhecido como rei, vestiu as roupas de um empregado, tirou a barba, deixou a coroa em cima da imensa cama e, sem avisar ninguém, partiu.

Algumas horas depois, ao se aproximar de seu reino trazendo nas mãos duas jarras de puro e simples barro, feitas por um artesão de lá, ele não acreditava no que via. O castelo ardia em chamas tão altas quanto as colunas que ainda lutavam para mantê-lo em pé. Tudo, em questão de minutos, irremediavelmente viraria cinzas e fumaça.

Os empregados fugiam passando batido por aquele senhor qualquer, de roupas simples e com jarras de barro nas mãos.
Implorou a um dos que passavam para que contasse o que tinha acontecido e se sua jóia mais preciosa, a Rainha, estava bem.

E caiu de joelhos quando ouviu o empregado explicar que ela, ao sair do banho, viu que o Rei não estava lá e havia deixado sua coroa. Concluiu que o Rei tinha lhe abandonado e, atordoada, resolveu fugir para outro reino, mas não sem antes atear fogo em tudo aquilo que construíram em toda uma vida e agora já não fazia sentido de existir.

O Rei atirou para longe suas novas peças de barro, enquanto via os bobos-da-corte abandonarem o castelo com sua coroa em mãos e algumas garrafas de vinho que conseguiram salvar do fogo.

Bebiam felizes e brindavam:
"A Coroa à puta que o pariu!"










Moral da história:
Se és um Rei, contente-se com o que tens e não busque peças sem valor. Podes acabar um fudido, sem castelo, sem rainha e com bobos caçoando de ti.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Deixei

De tanto testar, deixei detestar.

De tanto corar, deixei decorar.

De tanto clamar, deixei declamar.

De tanto ferir, deixei deferir.

De tanto correr, deixei decorrer.

De tanto vagar, deixei devagar.

Devagar.

sábado, 31 de janeiro de 2009

A Dança dos Retalhos

Tudo mudou.
O que foi que aconteceu? Ainda posso sentir o sabor do que a gente perdeu e ainda penso em você, acredita?!

Não vou saber dizer o que há. Não vou poder jamais explicar os dias em que pensei ter respostas para tudo, fingindo ser forte. Não vou saber negar que eu nem sei se quero saber se amanhã vai ser igual. Ou não.

Só sei que eu te desejo mais que devia.

Não permita que a solidão me seja o fim ao gritar por teu nome, porque me assusta tanto não ter ninguém pra poder abraçar...
Só quero tua voz sussurrando em meu ouvido. E não vou nem pensar se me chamar pra fugir contigo outra vez, porque me assusta tanto não ter histórias pra te ouvir contar...

É... Perdi o medo de dizer que nada atinge meu querer e que sempre faço o que mais me pede a vida. E por quê não falar de amor ou repetir as palavras, se, no fundo, é só isso que vale a pena?
É... Perdi o medo de dizer que nada atinge meu querer e que sempre acabo atirado aos braços de quem mais me convida ao pecado.

Deixa, então. Diz que pra sempre é mais que um dia e é um dia diferente.
Dizer "pra sempre" é bem menos que sentir na carne e querer de verdade.
Ah, se eu fosse tolo... Só se eu fosse tolo não deixaria viver. É tolice não deixar chegar tão longe.

Então esquece tudo e vem!
A vida é assim, se a gente deixar de viver, não vai dar tempo de sorrir. Não fala mais nada e me deixa viver sem culpa.
Deixa viver, deixa que o tempo faz esquecer tudo que perdemos. Faz a vida ser bela e infinita e diz que não somos grandes demais pra pensar que tudo foi perdido e que nada é como antes.

Vê? Já fez sentido, um dia, proclamar planos e promessas pra não comprometer o "enquanto".
Teu abraço, terno, me partiu, mas teu cheiro está em mim e teu beijo me deu direção quando me dei por vencido.
É tão fútil dizer ser incerto se eu sei bem o que mais quero.

Vem me buscar daqui. Vem me fazer sorrir. Vem me levar pra longe, porque só a tua paz pode tomar minhas mãos e me tirar do escuro. Teu cheiro me faz seguro, teu calor me protege e teu corpo me cura o vazio.

Vem sem medo a meus braços, meu amor, que a tristeza não vai mais espreitar pelos cantos e apertar o peito.
É poesia, amor. Não é medo. Por quê segredo e por quê não falar, se teu sorriso é o que mais desejo e teu pecado é o que mais me importa?

Tem coisas que não vão sumir, você sabe! Tem um lugar em mim que é só teu e NADA vai mudar!

Este mundo não merece a nossa tristeza.
Então, que se foda, amor. Que se foda. Se as palavras sujas não rimam, que se foda.

Pecado é não viver a vida.
É cedo ainda...

Vem dar valor ao que é bom dessa vida.
É cedo ainda...













PS:
1. Sim, este texto é uma colcha de retalhos e todas as frases que compõem o texto, ou mesmo algumas frases maiores, são partes de músicas de autoria do senhor Fábio Nenê Altro. Apenas "decupei" as letras das músicas e transformei num texto.
2. Não fiz isso agora. Não fiz isso ontem, nem anteontem. Fiz faz um bom tempo. No entanto, recentemente adicionei algumas músicas que na época não haviam sido lançadas e mudei algumas coisas, dando um sentido maior e um início, meio e fim ao texto original. Espero que tenha ficado bom.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A menina que amava demais

Era linda.
Naturalmente loira, belíssimos olhos esmeraldinos, boca expressivamente chamativa e corpo de modelo.
Encantava qualquer um com sua simples presença. Homens, rapazes, senhores, senhoras, mulheres, crianças... Todos se viam cativados por ela.

E, de uma maneira inexplicável, era capaz de compensar, sem perceber, a estima e o valor que todos tinham por ela. Como se seus olhos vissem sua própria imagem em cada um que se hipnotizava na imensidão verde daquele olhar.

Então ela amava. Amava de verdade, de corpo e alma, como se não houvesse amanhã. Amava os amigos, amava os tios, primos, irmãos. Amava os cachorros, os professores, as árvores condenadas.
Amava Pedro, Marcelo, Ricardo, Rodrigo, Daniel...
Dividiu seu incalculável amor pra tanta gente que esqueceu de amar alguém muito importante: ela mesma.

Em sua cabeça, aquilo era tão natural que nem se dava conta das confusões que se metia. Ingênua, pensava que todos eram como ela, que o amor de todas as pessoas era incalculável, incontrolável, insaciável e que não haviam barreiras, fronteiras ou limites para amar outro alguém.

Porém, tudo começou a se perder.
Quando aqueles começaram a perceber que a garota, por quem dedicavam cem por cento do amor que possuiam, amava outros com a mesma intensidade, um a um foram dando um jeito de desprezá-la ou odiá-la, tirando-a assim de suas vidas.

Ela não tinha culpa. Ela não era uma pessoa ruim, pelo contrário. Ela nem sabia o que acontecia...
No entanto, sentia como uma facada o ódio e o desprezo que agora lhe era imposto.
Tinha tanto amor pra dar e agora ninguém mais pra receber.
Não entendia. Não merecia. Não tinha mais chão.
Desesperada, gritou de raiva a todas as pequenas coisas da vida que sempre amou. Agora, não via sentido algum.

Enfim, entendeu e reconheceu: amava com tanta intensidade por puro medo de não ser amada. E ali estava... Abandonada, sem ninguém e sem amor. Sucumbiu.

Matou-se a menina que amava demais.